domingo, 28 de junho de 2015


Cai sobre o tapete do quarto o cheiro do teu perfume. Penetra-se por todas as divisões e entranha-se nas roupas e cortinados. Com ele chegam e partem as doces lembranças mas com um peso tão leve que estas se soltam das amarras do inconsciente de uma forma tão subtil.
Paira sobre o ar, aquela doce mas tão amarga lembrança de ti, aquela resistente que abafamos inconscientemente de cada vez que as tuas histórias são recontadas.
Andam soltas pela casa centenas de imagens, mas chega apenas uma pequena moldura na beira da lareira da sala, para nos fazer olhar-te, fora do pensamento.
“Esta madeira é resistente” penso assim que me levanto da cadeira de baloiço há muito colocada no alpendre. Oiço-a ranger e sinto a avalanche de memórias que passam de uma forma tão áspera mas também serena que me amacia e transforma a saudade.  



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