quarta-feira, 26 de março de 2014


caminhar e não sentir o peso do ser. apenas o peso do corpo cansado do êxtase e da rebeldia que o tomou. sentir o desconforto de pisar as pedras da calçada. quase que sentir o frio na manhã que é tarde. manhã com companhia silenciosa, incomodada pelo burburinho pesado interior. perlonga-se ela então para uma tarde só. uma diferente companhia é aos poucos desenhada na janela do comboio, arrastando essas tantas realidades. e vão ficando para trás. rosto pesado de sabe-se lá o quê. dizem que é a dúvida que o consome. olhos curiosos o observam. dizem que é a loucura que não o deixa adormecer. por isso fica-se desperto até à manhã seguinte. 
- não despertes mais assim.  com toda essa ansiedade. fica-te pela noite. e de manhã, bem cedo, regressa à tua realidade.



 
 
 
 
 





Pulsa a cor, por entre o frio.
Sente-se nele,
 o contraste das diferentes formas de se estar.
 Sozinho.

segunda-feira, 10 de março de 2014

 

Quero o que me diz mais do que posso ouvir. Não gosto de ouvir, nada mais do que me ouço a mim. E por vezes, mal me ouço. E este mal de sentir, que me ilude de sentir tanto de mim. E o de mim que é sozinho, não quer companhia. E o de mim, sente bem esta solidão. Afinal sente. E para além da doçura, sente o abalo de tão bem estar sozinho. Por isso sente mal, em sentir-se bem sozinho. Por bem ou por mal, afinal quer companhia. Mesmo com essa fobia que invalida a vontade de o querer. O de mim que é sozinho. Quer-te ele a ti, apenas com a condição do abalo da solidão da tua companhia. Quer apenas sê-lo, com a companhia na solidão