quarta-feira, 28 de janeiro de 2015



Ela está longe agora.
Sobrevoa os telhados de vidro das noites perdidas. Ela corre por entre as ruelas, descalça e ofegante à procura do chão. Ela canta num grito silencioso, enquanto os murmúrios abafam toda a melodia da sua voz. Ela agarra o vento com a ponta dos dedos e este entranha-se em forma de gelo na sua pele. Ela cai. Cai no chão, sem relevo, sem nada no caminho. Ela cai e espera que passe. Então senta-se e dobra-se sobre si mesma abraçando-se. Sussurra aquela mesma melodia. O frio toma conta dos seus lábios, do seu rosto, do seu corpo. 
Ela acorda, para mais tarde voltar.