terça-feira, 12 de novembro de 2013

Cheira a sândalo.
Cheira a roupa limpa e cheira novamente a sândalo. Cheira ao velho misturado com um novo que é tão antigo, quanto a idade das luzes que se cruzam na cidade. O novo é tão novo que faz o rodopio da mente e o arrepio das costas. É tão novo que pestaneja com a falta de uma lógica certa, arredondada à verdade universal. É novo, porque recria o antigo, mas não como novo. Cheira a papel de parede desbotado, a roupa guardada e livros arrecadados nas estantes à décadas. Cheira a um desleixo cuidado, com pegadas de gato pela madeira que faz música para doidos. O pó do antigo, inalado, faz perder os sentidos do sentir. E momentaneamente o sentir dos sentidos, que rapidamente é recuperado através do ar que entra pela janela de vidro sujo e portadas partidas que batem abruptamente na pedra silenciosa. E este som é mudo aos ouvidos, estes com focagem nas notas de músicas que se esbatem nas paredes das grandes salas vazias. Cheira a frio e a chuva que entra sorrateiramente, molha o chão seco e pisado. A mente despida de força, sobe os degraus velhos que gritam desmedidamente não acordando os tais de sentidos do sentir. E agora, o toque das notas incita a consciência por um fio de algodão enlaçado numa agulha que se cose no teto dos sonhos, o novo apareceu. O antigo permanece.



Sem comentários:

Enviar um comentário